quinta-feira, 14 de abril de 2011

A cada ano 2,6 milhões de bebês nascem mortos no mundo

A cada ano 2,6 milhões de bebês nascem mortos no mundo e 98% desses casos ocorrem em países de renda média e baixa, segundo a primeira estimativa global realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Apesar do elevado número, o drama de bebês nascidos mortos obteve pouca atenção internacional, em comparação com os esforços para reduzir a mortalidade materna e neonatal, explicou em entrevista coletiva o chefe de epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da Noruega, Frederik Froen.
- Existe um tabu. As mulheres são marginalizadas e, em certos contextos, se acredita que se trate de um castigo divino pelos pecados da mãe.
No total, 69 autores de dezenas de organizações em 18 países contribuíram para a pesquisa, com o aval da OMS. O estudo recolhe dados desde 1995 e revela que, em 15 anos, o número de bebês que nascem mortos se reduziu, em média, apenas 1,1% ao ano, de 3 milhões de casos (1995) para 2,6 milhões em 2009, último ano para o qual foi possível reunir estatísticas globais.
Dessas mortes prematuras, a metade ocorre durante o parto devido à falta de um pré-natal de qualidade, incluindo o acesso a uma cesariana em caso de necessidade. Mais uma vez ficou evidente a influência que a renda da população tem sobre o problema, já que 66% dos casos (1,8 milhão) se concentram em países como Índia, Paquistão, Nigéria, China, Bangladesh, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Indonésia, Afeganistão e Tanzânia.
As taxas mais baixas de bebês que nascem mortos se encontram na Dinamarca e Noruega (2,2 a cada mil nascimentos), enquanto as mais altas se registram no Paquistão (47) na Nigéria (42) e em Bangladesh (36). Ao apresentar os resultados desta pesquisa, Froen ressaltou que as taxas podem variar consideravelmente inclusive dentro de um mesmo país, como ocorre na Índia, onde vão de 22 até 66 em cada mil nascimentos, dependendo dos Estados.
Por sua vez, a coordenadora de saúde reprodutiva da OMS, Catherine D’Arcangues, explicou que o problema não recebeu a atenção necessária e prova disso foi a dificuldade de se obter dados confiáveis, que só puderam ser obtidos em 63 dos 193 países analisados.
- Em alguns países, essa causa de morte nem sequer é registrada.
Se nos países em desenvolvimento os casos de bebês nascidos mortos estão geralmente associados à pobreza e ao baixo nível de educação, nos países ricos os principais fatores de risco são a obesidade, a idade da mãe no primeiro parto (a partir dos 35 anos) e o consumo de cigarro ou drogas durante a gravidez, explicou Froen.
A região mais atrasada nesse sentido é a África Subsaariana, que diminuiu a incidência de bebês nascidos mortos em 0,7% ao ano desde 1995, enquanto nas Américas o progresso mereceu destaque, com uma redução de 2,4%, segundo Catherine.
O México, que com cinco mortes a cada mil nascimentos reduziu à metade o número de casos durante o período analisado, também foi destacado pela especialista. Os países que mais avanços registraram foram Argentina e Costa Rica, com cinco casos por mil nascimentos cada, além de Colômbia (6), Cuba (8), Chile (9), Peru, Brasil, Guatemala (10) e Venezuela (11), enquanto os piores casos foram os de Paraguai (19), Honduras (18) e Bolívia (17), segundo a OMS.
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